quarta-feira, 1 de julho de 2009

45 – 2 = Desgraça.

Ainda não consegui definir bem sobre o que este blog irá retratar, acho que de assuntos sério, provavelmente não serão, mas já que ando com está crise de identidade, então pq não apostar nas conversas besteirol.

Desta vez, vou contar mais uma das minhas excelentes, experiencias de vida, que provavelmente vai demonstrar ainda mais a minha cara de parvo.

A primeira vez que pus os pés em Portugal, foi mais ou menos em Junho de 1990, quando o meu pai estava na tentativa de me enganar, dizendo que aqui em Portugal, era tudo uma maravilha, que iria adorar, e que se gostasse, poderia cá ficar com ele.

Bem, ele acertou em muitas coisas, mas não revelou as verdades todas, e para não escrever um testamento, vou abordar directamente o problema que existe aqui e que até hoje não consegui encontrar uma solução adequada, é claro, óbvio e axiomático que estou a falar do FRIO.

Quando cá cheguei, em Junho, a diferença de temperatura não era tão significativa, pois abandonei o RJ em pleno inverno carioca (cerca de 20ºc), chegando cá no verão, ou seja, para min, um teenager, acabado de sair das casquinhas do ovo, nunca poderia imaginar que as estações eram ligeiramente trocadas.

Bem, a coisa até Setembro não foi má de todo, tipo ir no fim de Agosto a praia de Mira com uma camisola de lã, e achar muito estranho, como poderia haver tantas pessoas na água, com um “frio do caraças”.

Bom, mas o trágico, foi mesmo em Novembro (que para a minha pessoa, era o pico do inverno), voltar a santa terrinha, com o verão a desabrochar, dias maravilhosos, temperaturas sempre acima dos 35º c, hum, praia, biquínis, água de coco…

Em Janeiro, recomeçavam as aulas, logo o nabo aqui tinha de voltar a correr para Portugal, pois os professores não poderiam começar as aulas sem a minha presença né, então, por volta do dia 10 de Janeiro (mais dia, menos dia), vai o rapaz, todo entusiasmado para emfrentar dez horas trancado dentro de um avião, a que se destacar, que nesse dia a tarde, estava particularmente calor, ou seja, tipo 45ºc, o suor escorria desde a testa (ou hastes, já não sei bem), até aos calcanhares, e como não poderia deixar de ser, uma calça de ganga e uma t-shirtzinha eram mais que suficiente para a viagem.

Dentro do avião, sentia-se um claro alívio, pois este tinha o ar condicionado ligado, com a temperatura, se não me falha a memória, por volta dos 25ºc, o que na realidade, para um carioca de gema, já era bastante fresco.

Ao fim das malditas 10 horas, aterro no Porto, por volta das 5 am, e ai o primeiro impacto, a abertura da porta de embarque do avião.

Não consigo descrever a surpresa que foi, ao ver a porta abrir-se e, imediatamente, formar-se uma grande nuvem de fumo junto a mesma, pensei mesmo que poderia estar a pegar fogo no aeroporto, ou qualquer coisa do género… infelizmente, o fumo era vapor, passando a explicar melhor, o avião encontrava-se climatizado pelos seus 20ºc, mas nessa manhã no porto estavam c, e a besta, com a sua calça de ganga e a sua linda t-shirt.

Ao chegar a porta, pronto para começar a descer as escadas, tive a sensação de ter deixado as sensações no lugar onde estava sentado, pois só me lembro de começar a bater os dentes com tanta força, que penso ter partido todas as placas bacterianas, tartaros e chumbos.

Lembro-me vagamente que tinha as mãos agarradas aos lados da porta e da assistente de voo estar a fazer alguma força para me expulsar do avião, sempre a dizr: -huummm Ooobrigaaaddoooo pelaaaa viaaaggeeemmmm...

Semprea a tentar fazer-me entrar de vez na arca frigorífica, a qual eu tentava resistir-lhe. Tenho essa ideia, pois a minha camisa era branca, e com certeza, a pegada que tinha nas costas era muito parecida com a sola de um dos seus sapatos.

Estando absorto neste primeiro impacto, a minha tentativa de sobrevivência estava focada em conseguir chegar as malas, para poder tirar algo para vestir, mas como quem já viajou sabe, essa é a parte com que os senhores das companhias aéreas menos se preocupam, primeiro desembarcam todos os passageiros, reabastecem o aparelho, limpam-lhe os vidros e tiram os sacos com o vómito dos passageiros, e ao fim de quase 30-40 minutos, começam a atirar as nossas malas (com amor e carinho), da zona de carga para a distribuição nos tapetes rolantes.

Não se esqueçam, que eu ainda me encontrava de t-shirt, embora que já dentro do aeroporto, com uma ligeira subida na temperatura, acho que nessa altura já não sentia a coluna vertebral.
Como não poderia deixar de ser, lá começaram a aparecer as nossas malas, mas nesta altura, um belo pormenor, acho que os senhores descarregaram todas as malas dos “outros” antes da minha, o que significou, que mais uns minutinhos a curtir delícias. Nesta altura acho que já era bem notório a minha expressão de bacalhau ultracongelado, até que uma senhora muito simpática, já com uma certa idade chega-se e diz:

- Ó filho, como é que aguentas este frio todo só assim, deves estar mesmo acostumado!?
- pppoorrr aaaaccccaaaasssso nnnnãããõooo.
- Ai filho, está mesmo frio não está?

Eu com os meus pensamentos: - velha filha da #$%$%/(&”!#
- Um bocadinho, mas a minha mala ta chegando não tem problema.
- Tá bom filho, eu tinha aqui um xaile, mas se a sua mala já ai vem, fica para próxima, xau.
- …, tchau.

Acho que nunca na vida disse um xau tão cínico.

Aprendi a lição, se vier do Brasil em Janeiro, traz o casaco na mão.

3 comentários:

  1. Evandro.. Adorei!! Imagino que tu não devas ter gostado muito mas.. já passou! Costuma se dizer que é com os erros que aprendemos, portanto as lições na vida é para isso memso que servem meu amigo!

    Onde raio é que tu foste buscar que os sr's descarrgam as bagagens com amor e carinho..para amor e carinho so eu ;)!!! Pk presumo k eles é mesmo ao pontapé e ao molho.. partem tudo.. mas gostei do pormenor,mas atenção, com direito de autor!
    Um casaquito dá sempre muito jeitinho..

    Bjinhos amigo

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  2. A coisas bem piores do que o Frio nesta Terra de Ninguem.

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  3. Quem vai para o mar tem de se aviar em terra, sábio ditado deste país à beira mar plantado!

    O problema é que quando somos miúdos não pensamos em nada dessas coisas, isso é prós cotas!!!!

    Mesmo assim, por aqui andas... Se não gostasses nada disto, às tantas já tinha voado!

    De qualquer forma quero dizer-te que estás cá muito bem brazuca!!!

    Beijocas!!!

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